brisas no alentejo

Eu sou o vento norte
mas por que sorte
te encontrei
nem sei

As tuas searas ondeio
os teus vales vou lambendo
as planícies, os outeiros
teus barrancos, teus ribeiros
teus recantos conhecendo
todos
no verde do trigo as papoilas
quais teus lábios
todos
as abelhas
quais os meus

Agora já não
não sou o vento norte
mas seu irmão
o suão

Vagaroso
chego à mina
fértil
húmida, quente
desço? lentamente
desço, subo
subo, desço
eu na mina, a mina em mim
ferozmente
quente, quente

Vem a ceifa
a vez do pão
sonante
suante
turbulenta
rebenta
prostrante

Não sou o suão
já não

Sou a brisa do mar
devagar
afagar, afagar
e os meus lábios
quais abelhas
afagar, a falar
ao sol-pôr
meu Amor
a falar, afagar...



3 comentários:

  1. Respostas
    1. Este poema foi escrito em 1999, creio que em Julho. Foi publicado na então popular usenet. E foi escrito por desafio. Eu nunca tinha escrito um poema nem nada parecido, mas estava à conversa num grupo em que lhe deram para me convencer a escrever um poema. Foi escrito, se a memória não me falha, em entre duas e três horas, numa daquelas madrugadas.

      Obrigado

      Eliminar