o vento


O vento sopra
a chama
do candeeiro.

O vento de Janeiro
assobia
nas frestas
da velha porta.

O vento vai ter comigo
à cama
um frio que corta
de manhã cedo.

O vento tenta
voltar as telhas
das casas velhas.

O vento sacode a rama
derruba a fruta
o vento é filha-da-puta!

O vento brame
e ronca também
o vento uiva 
o vento urra
o vento mete medo
o vento faz tremer.

Porém
sem vento 
pra mover a nuvem
ou não chovia
ou não parava de chover.

mudança

 
Nem sempre é muito certo 
aquilo que o povo diz
mas às vezes anda perto
mesmo sem ir à raiz.

É para desconfiar
é saber universal 
que muito tenha que mudar
pra tudo ficar igual.

Nestes tempos turbulentos
todos falam em mudança
mas temos que estar atentos
pra não alinhar na dança.

O pobre vive enganado
ao alimentar esperança
que puxem para o seu lado
os que têm cheia a pança.